Vida que brota da morte

Era uma vez um grão de trigo. Tinha muito orgulho de si mesmo. Julgava-se o dono e pensava ter as rédeas de sua vida em suas próprias mãos. Sou um belo grão de trigo – dizia para si mesmo e estava convicto do seu poder e da sua grandeza. Por isso, não queria ser colocado na terra. Queria ser guardado num saquinho de papel para ali admirar a sua própria grandeza e perfeição.
Havia um segundo grão de trigo. Não tinha orgulho de si mesmo. Não se opunha a ser colocado na terra. Era humilde e estava disposto a entregar sua vida.
Pois bem, o primeiro grão não conseguiu preservar sua vida e, passados alguns anos, virou pó e desapareceu totalmente. O segundo grão, deitado na terra, também desapareceu, mas, depois de algum tempo dele brotou nova vida, um pé de trigo viçoso, que produziu centenas de novos grãos.

É a vida que passa pela morte. Quem se decide pela vida, deve passar pela morte. Pois é passando pela morte que caminhamos para a nova vida. A nova vida que brota da auto entrega, da humildade, do despojamento, do esvaziamento de si mesmo.

Páscoa é nova vida.

Páscoa é vida que brota da cruz.

Por isso, durante a Quaresma devemos nos esvaziar de nosso orgulho e, com humildade, nos entregarmos nas mãos de Deus pois só assim, na Páscoa receberemos uma nova vida.