Ligue 713-5905

Saiu para a tradicional caminhada no calçadão, não se sentia muito bem naquele dia. Imaginou que a brisa e a vista do mar lhe devolveriam a tranquilidade que ansiava.
A cabeça dolorida, pensamentos sem organização, caminhava. Atravessou o sinal e na calçada oposta sentiu-se pior. Suava muito, a vista escurecia, um tremendo enjôo anunciava que o estômago não ia bem. Como sempre, era ele que recebia a maior carga emocional. Pressentiu que ia desmaiar, olhou em volta, não viu ninguém.
Nos bolsos, nenhum papel que a identificasse. A agonia tornava-se maior, os olhos abominavam o resto de luz que o sol deixava. Cambaleando, bateu na porta de uma única casa existente no meio da selva de pedra. Visão confusa, uma silhueta de mulher não lhe dava atenção. A voz não saía. O pensamento apressava-se na identificação: “passo mal, moro perto daqui, ligue para 713-5905, avise minha família, não sou indigente. Socorro! Socorro!” Seus olhos expressivos cobriram-se pelas pálpebras. No chão, rodeada por curiosos, não mais ouviu as vozes.
“Rápido, ligue para a polícia. Coisa desagradável para um fim de tarde”.
- Luciene Freitas -

Z

Omissão e total falta de solidariedade, né? Triste, mas real!
Com este texto, deixo um alerta:
Nunca saia de casa, mesmo para comprar pão na esquina, sem um documento ou um cartãozinho com seu nome e um telefone para contato.
Z

Bom final de semana!