Fantasia

Ela o conheceu numa festa, ligeira apresentação, não mais o esqueceu.
Homem maduro, barba, bigode, cabelos ligeiramente prateados. Ar de quem já viveu todas as decepções e glórias do amor. Porte rústico, assemelhando-se a um tronco de árvore plantado majestoso no chão.
Nadine tinha o coração vazio, estava à espera daquele alguém que encontrasse nela o que ninguém nunca encontrou. Amadurecida, mantinha dentro do peito o vigor da juventude. Sonhava aproveitar o que lhe era de direito. As decepções faziam-na retroceder, temia abrir novamente as portas da alma.
A figura persistia em sua mente, ansiava revê-la, dizer-lhe tudo o que sentia. Volta por muitas noites ao salão onde o encontrou. Faz perguntas aos frequentadores, em vão.
Desiludida, perambula pelas ruas sem destino. Horas depois, sem entender, magicamente chega ao cemitério. Entre, estupefata vê em bronze a estátua de seu cavalheiro.
- Luciene Freitas -